Dorolinda

Fui com a minha dor ao doutor, que lhe disse, a despachar: Não tem que se preocupar. O seu mal é fadiga. Tome estes comprimidos ao deitar. Aprenda a nadar. Faça boa vida. E toca a andar. Siga. A minha dor ficou muito enxofrada. Não estava habituada a ser assim tratada. Era uma dor respeitável, uma dor antiga, uma senhora dona dor, uma dor de estimação. Uma velha dor muito minha amiga, mas não do coração.

Manuel António Pina

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